quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Quem disse que o Planet Hemp não sabia o que dizia?

Eu me apresento em alto e bom som, para que todos possam ouvir.
Cara sagaz e cascudo, direto do Andaraí.
Eu vou do M para o A,para o R, para o C, para o E, para o L, para o O, espaço, D, 2:sempre representando o hip-hop. Não tem Faustão nem Gugu eu sou o primeiro do Ibope.
Revolução eu vou fazer de maneira diferente: tiro o ódio do coração e tento usar mais a mente.
Botam barreiras no caminho mas sou persistente.
Posso cair, mas me levanto e sigo em frente.
Seguro a bronca, dou um 2 e mantenho a calma.
Se eu vacilar, um filho da puta rouba a minha alma.
Entra Fernando e sai Fernando e quem paga é o povo,
que pela falta de cultura vota nele de novo.
E paga caro, com corpo e com a alma, e entrega na mão de um pastor, pra ver se salva.
Com a barriga vazia não conseguem pensar.
Eu peço proteção a Deus e a Oxalá.
De infantaria que eu sou e to na linha de frente.
Rio de Janeiro, fim de século, a chapa tá quente!

Vários irmãos se recolhem, vão em frente.
Vários também escravizam sua mente.
Eu sei bem, quebro a corrente, e onde passo planto a minha semente.
Gafanhotos nunca tomam de quem tem, predadores senhores que mentem.
Esperem sentados a rendição, nossa vitória não será por acidente.

Voltar rimando na batida cumpadi, é só prá quem pode.
Corpo fechado, rima acesa, cumpadi, ninguém me fode.
O bumbo bate forte, só escapa quem tem sorte.
Misturo hip-hop e samba com sangue da zona norte.
Tão impressionante quanto o b-boy rodando, não deixo queimarem o meu filme, eu tou sempre me valorizando.
Revolução? Quem sabe faz na hora e fica antenado.
Nem tudo o que reluz é ouro, nem televisionado.

Eu tou de aqui de passagem, mas não vim a passeio.
De ciclos em ciclos percorro o meu caminho sem receios.
O meu discurso tem recheio.
Acerto em cheio e creio que o nosso destino final é estar em paz no seio do universo.
Campo de visão aberto.
Minha serenidade eu conservo com versos.
Converso com meus netos, como preto velho que sou, sei daonde vim e sei pra onde vou. Na moral!

Com papel e caneta te forneço o material prá feitura do seu alvará de soltura espiritual.
Não cesse suas preces.
Pensamentos negativos são como fezes: infestam todo o lugar, à procura de alguém que os considere, que os preze.
Por isso delete informações desse naipe do seu leque.
E siga para o alto, ao som hipnótico do stab!

Eu levo a vida e não sou levado por ela.
Na luta, um bom guerreiro nunca amarela.
Pra "mim" poder crescer, me deixe enlouquecer, só você sabe o que é melhor para você.
Eu ergo o peito e vou em frente na parada, não sou controlado e durmo com alma lavada.
Sigo o meu caminho tranquilo e sozinho.
Eu mato a cobra e ainda dou bico no ninho.

Vários irmão se recolhem, vão em frente.
Vários também escravizam sua mente.
Eu sei bem, quebro a corrente, e onde passo planto a minha semente.
Gafanhotos nunca tomam de quem tem predadores, senhores que mentem.
Esperem sentados a rendição. Nossa vitória não será por acidente.

Represento o que sou, com quem ando, onde vou. Traço bem meu caminho, Hip Hop Rio."


O Planet Hemp foi um projeto de músicos de hip-hop que começou em 1993, no Rio de Janeiro, claro. O fato é que foram extremamente hostilizados, principalmente pela classe média conservadora, com acusações de apologia ao uso de drogas. Um dia, se não me engano, o B Negão, um dos músicos da banda, disse que eles não falavam de drogas, falavam de maconha...

Enfim, até hoje sinto o preconceito que suas músicas geraram, mas a maioria das pessoas que recrimina, como ouvia ainda hoje, só sabe da parte da maconha, nunca ouviram uma música como Stab, que coloca a vontade do homem acima das forças negativas do mundo e nos faz pensar que somos os únicos responsáveis pelo nosso futuro.

Não reclama e vai à luta!!!

Nenhum comentário: