quarta-feira, 30 de abril de 2008

Não patológico

Ela abre a janela e o sol não está lá. Recosta-se na cama e não há o que fazer. A chuva toma conta do dia e entristece os corações mais suscetíveis. Não o dela, que é só alegria e não liga para a chuva, mesmo que não tenha nada mais interessante para fazer.

Ainda recostada na cama, pega um livro de cabeceira e folheia. Verdadeiramente o assunto não a interessa. Algo sobre romances melosos que começou a ler há séculos e não teve saco para terminar. Devolve o livro e olha para o guarda-roupas, bastante bagunçado diga-se de passagem. Também não tem vontade de arrumá-lo ou qualquer outra coisa que lembre trabalhos domésticos forçados.

Já são quase meio dia e ela percebe uma movimentação no corredor das casas. Uma espécie de apartamentos sem andar definido. Uma vila se quiser. Mas um corredor que começa no 1 e acaba no sete. A movimentação é da vizinha do 5, que insiste em passar o dia todo às voltas com as vassouras, baldes, materiais de limpeza e um rosto de tédio que ninguém merece.

Há dias, comentou sobre as janelas sempre muito limpas dessa vizinha, deixando transparecer uma pontinha de inveja, mas, por outro lado, evidenciando o caráter inútil de estar com a janela da cozinha sempre límpida.

Depois disso, passou a reparar o entusiasmo da mulher em limpar a casa nos mínimos detalhes, sem deixar um cantinho sem atenção. Ao perguntada, respondeu: "Se a janela estiver suja eu não consigo deixa-la aberta. Sou muito alérgica".

Fala sério. Pensou ela. Indignada com tanta dedicação, passou a reparar melhor. Se chegasse em casa às 14 horas, a moça estava arrumando. Se chegasse em casa às 20 horas, a moça estava arrumando. Se saísse de casa às 9 horas, a moça estava arrumando.

O marido, viu algumas poucas vezes, parece que trabalha muito. A vizinha, dona de casa por opção, ou por falta de. O fato é que ela concluiu que a mania de limpeza é algo patológico, talvez por falta de melhor coisa para fazer.

Ainda bem que ela se sente normal, arrumando a casa quando acha que está suja... apenas quando acha que está suja, pois tem mais o que fazer....

terça-feira, 29 de abril de 2008

Só pra constar


Tenho andado muito densa ultimamente (tensa também). Então, para descontrair: Família Simpsons em uma festa à fantasia em 1999, eu acho, em Montes Claros, MG...


Eu (Marge: sim, meu cabelo era grande, enorme, e estava todo pra cima pintado de azul, mas cortado na foto, dã), Tevaum (Homer), Sarinha (Lisa), Emídio (Milhouse ?) e Fabrício (Bart), escondido atrás do Emídio, com skate, coroa e tudo, básico.

Gente, nem acredito que é 1999, século passado, faz quase dez anos. Ai ai ai ai ai...


Coisas de TER e de SER, sem hipocresia

Não só de coisas se vive. Há muito mais o que considerar. Coisas são resultado do "mais o que considerar".

Há muito tempo penso em TER. Claro que esse verbo é importante, indispensável e insubstituível, mas TER é menor, é mesquinho, é volúvel e instável.

SER é mais bonito, sublime, digno.

Em todo lugar em que olhamos recebemos dicas sobre o nosso dia. No orkut, por exemplo, a frase do dia é quase imperceptível, mas está lá para os menos céticos. Não dou tanta atenção a essas coisas, mas também não acredito em coincidências.

A questão é estar atento para não perder nada, nenhum detalhe que possa nos indicar uma solução para os pequenos problemas do dia-a-dia. No meu, hoje, a frase era: "Seus princípios valem mais para você do que dinheiro ou sucesso".

É claro que posso admitir que isso é verdade e seguir enaltecendo a minha virtude inabalável. Mas não é verdade. Gosto de TER dinheiro. Gosto de TER sucesso. E meus princípios.... Ah, meus princípios são o que norteiam minha conduta até chegar ao dinheiro e ao sucesso. Não sejamos hipócritas (e isso eu não sou mesmo), afirmando que não...

Mais uma vez a questão é: quanto de dinheiro e qual o alcance do sucesso?

Assuntos para outro dilema...

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Fim de semana agitado

Este foi um fim de semana realmente cansativo e delicioso. Mayara, minha irmãzinha do meio, a quem chamo carinhosamente de Mayarão estava em casa. Passeio no Parque da Luz, compras na Zepa, berinjela à parmegiana no almoço com suco de amora, 25 de março, binóculos caros e anéis para o casal.

Andamos muito, dormi pouco (sim, apenas na primeira pessoa), Mayara e Fabrício tiveram todo o tempo do mundo para descansar. Muitos compromissos, huahuahuahauhauah.

O motivo do "não sono", ou melhor, do "não dormir" foi o aniversário de um grande amigo. Paulo finalmente fez 28 anos de vida e a comemoração foi no Puddy’s Pub, um lugar muito legal na Dumont Villares. Para começar Mayarão não quis ir e ficou dormindo, também, pudera, tinha acabado de chegar de viagem.

Parabéns Paulão.......


Fabrício e eu decidimos abandoná-la sozinha em casa de última hora. Saímos meia noite de casa correndo como loucos para dar os parabéns a um amigo querido.

Muita dança, muita vodka, muito enérgético, show com um go go boy ateando fogo em si mesmo. Muitíssimo divertido. Gente bonita e bêbada, claro, algumas muuuuito bêbadas. Havia tmbém muitos sofás fofos e confortáveis, mas, por incrível que pareça, nenhum me atraiu. Estou me recuperando, uahuauahauhau.

Trabalho no domingo, muito trabalho, com muito joelho de porco, o tradicional eisben da culinária alemã, que eu não comi, claro, não como essas coisas, mas o chope é muito bom e o kartoffel puffer, um misturado frito de batata ralada, cebola, ovo e sal coberto de requeijão cremoso de verdade. Uma delícia.

Mayarão foi embora e deixa saudades dos papos cheios de conteúdo, mas sem muita finalidade, a não ser o desabafo do qual estava precisando. Obrigada Mayarão.... foi muito bom te ter aqui....

Cadê?

A noite
O braço
Não há
O frio

Na noite
Na cama
Não há
O braço

Espero
Reitero
Instigo
Não há

Não sinto
Não está
O braço
Não há

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Fá, Lá e Jimmy Jimmy


Não é por nada não, mas Valdelino e Romilda, pais de Fá; e Laécio e Shirley, pais de Lá, devem estar muito orgulhosos da família que construímos. O netinho, Jimmy Jimmy, tem o humor oscilante do pai e a desastrice da mãe.... Que lindo...

Difícil diferença

ver.da.de
1 Aquilo que é ou existe iniludivelmente. 2 Conformidade das coisas com o conceito que a mente forma delas. 3 Concepção clara de uma realidade. 4 Realidade, exatidão. 5 Sinceridade, boa-fé. 6 Princípio certo e verdadeiro; axioma. 7 Juízo ou proposição que não se pode negar racionalmente. 8 Conformidade do que se diz com o que se sente ou se pensa. 9 Máxima, sentença. 10 Cópia ou imitação fiel. 11 Representação fiel de alguma coisa existente na natureza.

sin.ce.ro
1 Que denota sinceridade ou simpleza. 2 Que usa de sinceridade, que se exprime sem intenção de enganar, ou de disfarçar o seu procedimento. 3 Que exprime só o que sente e pensa. 4 Que é dito ou feito de modo franco, sem dissimulação ou disfarce. 5 Leal, natural, verdadeiro.

Percebam que na definição do dicionário para VERDADE há algo de peculiar: conformidade das coisas com o conceito que a mente forma delas. Isso significa que a verdade é mais subjetiva do que imaginamos, do que cobramos dos outros.

Já na definição de ser SINCERO entra o conceito de verdade.

Verdade para quem? Essa é a pergunta certa. O que é a sinceridade - qualidade tão evidenciada por pessoas que conferem a si dizer tudo o que pensam - se não a verbalidade daquilo que consideram verdade? E, se verdade depende de mim, de você e do outro, qual é a verdade de todos? Aquela construída pela coletividade ou a que entendemos ser a melhor?

Difícil.

Cobrar a verdade de alguém não significa que essa verdade seja a que você espera ouvir. Certo? Certo. Mas, pior, é cobrar a verdade que você quer ouvir e não aceitar outra diferente da sua.

Difícil, de novo.

O conceito das palavras nos ensinam, além de como aplicá-las, entendê-las na completude.
Quero ser verdadeira, sincera, mas, talvez, a minha verdade não agrade, ou não seja a que espera, mas é minha.

A minha verdade é melhor que a sua? Claro que não. O problema é entender isso e aprender a enxergar a questão ilusória da verdade. Aquela parte subjetiva da verdade, que mesmo sendo pura para quem fala, soa falso a quem escuta; é apenas a DIFERENÇA: 1 Qualidade ou estado de diferente; desigualdade. 2 Propriedade ou característica pela qual pessoas ou coisas diferem. 3 Alteração. 4 Inexatidão. 5 Divergência de opiniões; desacordo, discordância, dissensão, controvérsia. 6 Prejuízo. 7 Desproporção.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Inconstância

Por que as coisas têm que ser assim? Num dia está tudo lindo e maravilhoso. Sentimo-nos como verdadeiras fortalezas diante de seja qual for a intempéria. No segundo seguinte, por nada, por um fio de sem importância, sentimo-nos fracos, impotentes diante de situações irrisórias, insignificantes.
Parace que o mundo desaba sobre nós com toda sua força, com um peso que já não conseguimos suportar. Tudo fica sem graça. Pior. O que tinha graça se torna extremamente chato. Encomoda. Sumir é o melhor remédio. Sumir como?
Deixar de encarar a hipocrisia e chatice, que costumeiramente seria até bem aceite ou sequer percebida, é a única coisa em que consigo pensar.
Demais? Extremista? Exagerada? Só eu sei...
O que era efêmero dá sensação de permanente, como se as menores dores se transformassem em eternos temores. Uma fagulha de incompreensão se torna em um incêndio de insegurança, de medo, de transtorno, de paranóia.
A paranóia.
Ninguém sabe se a visão de um mundo belo e sereno desapereceu de vez ou se é só mais uma TPM....

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Expondo



“Aceite seus pensamentos tal como são, mesmo quando não os endossa”. Ao ler essa frase percebi que não raro isso acontece. Por nossa atordoada mente passam milhares de impulsos nervosos que comandam todo o nosso corpo e, dizem, o que chamamos de alma. São tantas informações que não conseguimos ordenar ou dar sentido, que muitas vezes nos surpreende os conteúdos.
Agora mesmo, ao escrever algumas linhas, são milhares de informações que quero expôr. Algumas transformam-se em palavras, outras “nem em pensamento” deveriam estar. Penso que deve ser assim a vida de sociopata, psicopata, ou portador de uma dessas “patias” que fazem com que os pensamentos mais sórdidos sejam transformados em ações sem o menor remorso.
Aqui mesmo, na Zona Norte de São Paulo, bem ao lado do Semanário, está o 9º DP, que investiga o caso Isabela Nardoni. Por mais que soubéssemos, que tivéssemos a intuição e os fatos levando a acreditar que o assassino era o próprio pai, o íntimo negava a informação. No fundo não queríamos que tivesse sido assim. Um pai que joga a filha pela janela? Inconcebível.
Mesmo assim, sabe-se lá o que ele pensou? Sabe-se lá os impulsos nervosos que o fizeram agir dessa forma, sem qualquer consciência moral ou, até, afetiva. Não tenho filhos, mas o amor que me descrevem os que os tem parece ser maior que qualquer moral social imposta no decorrer dos anos. Seria algo natural, praticamente sublime; um amor intocável e inviolável. Por isso nos choca tanto.
Mas, voltando aos pensamentos que não endossamos, tê-los não é nenhum crime, por vezes podem surpreender, ou até mesmo chocar, principalmente pela liberdade que têm, pela autonomia, pela distância que estão da concretização.
Por que, então, os temos? Os indizíveis momentos de que desfrutamos em nosso consciente, que teimam em reaparecer, mas que não queremos, são próprios de nós. A partir daí, cabe-nos decidir entre aceitar e viver ou endossar e assumir os riscos.

Só para constar...


Estive com Arnaldo Jabor no ano passado, nem me lembro o mês, mas, enfim, conversamos um pouco e dei uma de tiéti... Pedi conselhos para uma jornalista em início de carreira, e ele disse: Leia, leia, leia, leia....

Mas isso eu já faço há muuuuuito tempo, não vale.....

Constatação, perda da inocência ou cara-de-pau mesmo?

Fiquei pensando na inocência que perdemos com o passar dos anos. O mundo de trabalho competitivo faz com que desconfiemos de todos, de todas as ações que à primeira vista consideramos sinceras. Ao lidar com um mundo de grandes empresários observo que, mesmo que a causa seja boa, os interesses escusos estão alí. Nada é feito simplesmente por boa ação.
O problema maior é ter que cobrir eventos sociais em que alguns estão, sim, muito preocupados com a causa, que querem, sim, arrecadar fundos par a resolução de um problema social que consideram ser possível. Mas, outros, sem o menor pudor, usam tais eventos com fins de contatos pessoais e empresariais, sem dar a mínima para o objetivo primeiro, que seria ajudar o tal do próximo.
Posso até estar sendo leviana, mas faço matérias em diversos eventos beneficentes tentando focar exatamente o que bons empresários - pessoas que acumularam dinheiro e respeito na sociedade paulistana por meio de muito trabalho - tentam fazer pela comunidade em que estão inseridos. Muitos estão alí para isso e pronto. Mas, quando ao entrevistar alguém, ouço a frase: "Espera, espera! Antes de ligar o gravador diga-me o que é este evento", fico estática.
Sempre me pergunto o porquê de ter que entrevistar uma pessoa num evento beneficente que sequer sabe o que está fazendo ali? Foi convidado e saberia que estariam presentes muitos beneméritos da sociedade paulistana e por esse simples fatos comparecem, pagam, colaboram com causas que desconhecem por completo.
Mas o pior de tudo é ter que entrevistar pessoas vazias, sem conteúdo algum, que nunca têm nada a dizer, estão apenas recheando mais uma página de jornal, que na verdade já tem muito para dizer, sem ter necessidade de colocar mais um rostinho que pague para aparecer ao lado de uma causa social justa.
Sim. Isto é um desabafo.
É claro que admiro pessoas que se preocupam em ajudar causas nobres com dinheiro, afinal existem centenas de entidades que realmente aplicam esse dinheiro na melhoria da qualidade de vida de pessoas mais necessitadas. Sim. Conheço várias e várias entidades presididas e compostas por pessoas sérias, que fazem esse trabalho porque amam o seu semelhante e acreditam estar agradecendo a Deus a sorte que tiveram em poder trabalhar e fazer os negócios prosperarem.
Do que estou cansada é da hipocrisia, da necessidade que as pessoas têm de aparecer em cima dos pobres.
Caralho!!! Se quer ajudar, ajuda. Quer aparecer, faça por onde! Estou cansada de, ao entrevistar, ter que esclarecer o dito cujo sobre o que é feito. Outros são ainda mais caras-de-pau: pedem que nós mesmos criemos seus depoimentos.
Tá bom!!! Melhor assim, pois, aí, posso colocar o que penso na boca de quem quer apenas aparecer....

terça-feira, 15 de abril de 2008

Saudades delas

Há muito abandonei meu blog. A promessa de escrever todos os dias se perdeu e nem me dei conta disso, a não ser agora, quando resolvi abri-lo. E resolvi abri-lo justamente pelas saudades.
Hoje tive notícias de amigas muito queridas, umas por msn, outras por mail, outras por blog. Independente do canal, percebi-me em nostalgia completa, lembrando-me dos muitos momentos que passamos juntas.
Umas foram por muito tempo mesmo, com horas intermináveis ao telefone quando adolescente, querendo dormir uma na casa da outra, outras com encontros na esquina e saída de patins para bater papo sem parar, com a inocência de quem tem 12, 13, 14 anos e com a cumplicidade de quem cresceu junto. Outras conhecidas na melhor fase da vida: ah, a faculdade.
São todas boas amigas, grandes amigas. Há todo momento voltam às minhas idéias e mando um e-mail, mando um SMS, mas penso que jamais será igual, nunca mais teremos as mesmas conversas, mudamos, crescemos separadas, somos, não substituídas, mas trocadas pela amiga da vez.
Uma pena, mesmo que as amizades sejam eternas – pois para mim cada uma delas tem um papel que jamais será apagado – os momentos são breves, a estadia é breve, a juventude é breve. Não que já tenha passado, mas que já deixa saudades incuráveis.