quarta-feira, 16 de abril de 2008

Constatação, perda da inocência ou cara-de-pau mesmo?

Fiquei pensando na inocência que perdemos com o passar dos anos. O mundo de trabalho competitivo faz com que desconfiemos de todos, de todas as ações que à primeira vista consideramos sinceras. Ao lidar com um mundo de grandes empresários observo que, mesmo que a causa seja boa, os interesses escusos estão alí. Nada é feito simplesmente por boa ação.
O problema maior é ter que cobrir eventos sociais em que alguns estão, sim, muito preocupados com a causa, que querem, sim, arrecadar fundos par a resolução de um problema social que consideram ser possível. Mas, outros, sem o menor pudor, usam tais eventos com fins de contatos pessoais e empresariais, sem dar a mínima para o objetivo primeiro, que seria ajudar o tal do próximo.
Posso até estar sendo leviana, mas faço matérias em diversos eventos beneficentes tentando focar exatamente o que bons empresários - pessoas que acumularam dinheiro e respeito na sociedade paulistana por meio de muito trabalho - tentam fazer pela comunidade em que estão inseridos. Muitos estão alí para isso e pronto. Mas, quando ao entrevistar alguém, ouço a frase: "Espera, espera! Antes de ligar o gravador diga-me o que é este evento", fico estática.
Sempre me pergunto o porquê de ter que entrevistar uma pessoa num evento beneficente que sequer sabe o que está fazendo ali? Foi convidado e saberia que estariam presentes muitos beneméritos da sociedade paulistana e por esse simples fatos comparecem, pagam, colaboram com causas que desconhecem por completo.
Mas o pior de tudo é ter que entrevistar pessoas vazias, sem conteúdo algum, que nunca têm nada a dizer, estão apenas recheando mais uma página de jornal, que na verdade já tem muito para dizer, sem ter necessidade de colocar mais um rostinho que pague para aparecer ao lado de uma causa social justa.
Sim. Isto é um desabafo.
É claro que admiro pessoas que se preocupam em ajudar causas nobres com dinheiro, afinal existem centenas de entidades que realmente aplicam esse dinheiro na melhoria da qualidade de vida de pessoas mais necessitadas. Sim. Conheço várias e várias entidades presididas e compostas por pessoas sérias, que fazem esse trabalho porque amam o seu semelhante e acreditam estar agradecendo a Deus a sorte que tiveram em poder trabalhar e fazer os negócios prosperarem.
Do que estou cansada é da hipocrisia, da necessidade que as pessoas têm de aparecer em cima dos pobres.
Caralho!!! Se quer ajudar, ajuda. Quer aparecer, faça por onde! Estou cansada de, ao entrevistar, ter que esclarecer o dito cujo sobre o que é feito. Outros são ainda mais caras-de-pau: pedem que nós mesmos criemos seus depoimentos.
Tá bom!!! Melhor assim, pois, aí, posso colocar o que penso na boca de quem quer apenas aparecer....

Nenhum comentário: