quarta-feira, 16 de abril de 2008

Expondo



“Aceite seus pensamentos tal como são, mesmo quando não os endossa”. Ao ler essa frase percebi que não raro isso acontece. Por nossa atordoada mente passam milhares de impulsos nervosos que comandam todo o nosso corpo e, dizem, o que chamamos de alma. São tantas informações que não conseguimos ordenar ou dar sentido, que muitas vezes nos surpreende os conteúdos.
Agora mesmo, ao escrever algumas linhas, são milhares de informações que quero expôr. Algumas transformam-se em palavras, outras “nem em pensamento” deveriam estar. Penso que deve ser assim a vida de sociopata, psicopata, ou portador de uma dessas “patias” que fazem com que os pensamentos mais sórdidos sejam transformados em ações sem o menor remorso.
Aqui mesmo, na Zona Norte de São Paulo, bem ao lado do Semanário, está o 9º DP, que investiga o caso Isabela Nardoni. Por mais que soubéssemos, que tivéssemos a intuição e os fatos levando a acreditar que o assassino era o próprio pai, o íntimo negava a informação. No fundo não queríamos que tivesse sido assim. Um pai que joga a filha pela janela? Inconcebível.
Mesmo assim, sabe-se lá o que ele pensou? Sabe-se lá os impulsos nervosos que o fizeram agir dessa forma, sem qualquer consciência moral ou, até, afetiva. Não tenho filhos, mas o amor que me descrevem os que os tem parece ser maior que qualquer moral social imposta no decorrer dos anos. Seria algo natural, praticamente sublime; um amor intocável e inviolável. Por isso nos choca tanto.
Mas, voltando aos pensamentos que não endossamos, tê-los não é nenhum crime, por vezes podem surpreender, ou até mesmo chocar, principalmente pela liberdade que têm, pela autonomia, pela distância que estão da concretização.
Por que, então, os temos? Os indizíveis momentos de que desfrutamos em nosso consciente, que teimam em reaparecer, mas que não queremos, são próprios de nós. A partir daí, cabe-nos decidir entre aceitar e viver ou endossar e assumir os riscos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Laryssa! Parabéns pela retomada do blog.
O trabalho do blogueiro não é fácil, mas é necessário. Para que aprenda na luta com as palavras!

Até mais!

Gabriel Perissé