segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Déficit de juízes da infância em São Paulo emperra justiça



Como se não bastasse termos milhares de julgamentos pendentes na Justiça Criminal, uma vitória na luta pela criança e pelo adolescente parece não estar surtindo efeito até hoje. O Estatuto da Criança e do Adolescente entrou em vigor há 18 anos, mas o fato é que a Justiça está emperrada por falta de juízes da infância e de Varas da Infância e da Juventude em todo o país.

A cidade de São Paulo é uma das que mais sofre com essa realidade. Enquanto a média no Brasil é de um juiz para cada 438 mil habitantes, ainda muito aquém do necessário, em São Paulo essa média é de um juiz da infância para 733 mil habitantes. Segundo estudo feito pela Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e da Juventude (ABMP), das 2.643 comarcas do país, apenas 92 possuem Varas da Infância, o que representa 3,4%.

Na Capital, das 15 alçadas da Infância e Juventude, quatro só atendem jovens em conflito com a lei, não estando aptas a defender os interesses dos menores e de suas famílias. A alçada da Infância e Juventude tem que atender quando pais separados buscam autorização para retirada de passaportes, viagens e intercâmbios internacionais, ou pais que tenham algum tipo de dificuldade nos colégios dos filhos, entre outras demandas, como atender famílias em situação de vulnerabilidade social que querem dar suas crianças a adoção ou abrigá-las. O local é procurado também por pessoas que têm interesse em adotar crianças.

Com tantas demandas a atender, o número de juízes e de funcionários de outros setores, como psicólogos e assistentes sociais, não corresponde. A Justiça do Estado de São Paulo tem hoje 278 assistentes sociais e 241 psicólogos, mas segundo a Associação de Assistentes Sociais e Psicólogos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (AASPT-SP) seriam necessários mais 300 profissionais de cada área para que os atendimentos funcionassem melhor. Esses profissionais são essenciais para que sejam gerados subsídios para o julgamento do juíz.

Os juízes não são culpados pelo atraso no julgamento dos processos, a questão é que nem o Estatuto da Criança e da Adolescência determina o número adequado de juízes por habitantes, o que faz com que cada um dos 576.103 juízes do Estado de São Paulo fiquem sobrecarregados. Essa situação não é, nem de longe, apropriada, pois cada caso em relação a crianças e adolescentes deve ser muito bem estudado pelos juízes, que acabam não contando com tempo hábil.

O maior prejudicado é a sociedade, que não pode contar com a análise justa em casos que decidem o futuro de uma criança.

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