terça-feira, 21 de outubro de 2008

Desafios domésticos



Começou o dia bem, colocou aquela sandália que ele deu. Usou-a no estilo mais casual. Era outra ela. Já na ida, com o trôpego sob os pés, sentiu doer o direito. Prosseguiu. Falida e outra, agora com os pés machucados.

E o dia foi.

A cada um que indagava, uma explicação surgia. Com o passar do dia soube. Teve certeza de que era saudade. Ou apenas mais uma TPM acentuada por questões emocionais irresolvíveis. Tem que vir tudo junto, faz parte do pacote existencialismo.

Pós parênteses, entendeu. O melhor estava por vir. Neste dia, andou mais do que de costume, com a sandália que ardia pelo toque. Uma correia se foi. Prosseguiu. Duas já não existem. Sem a terceira, andar é insuportável.

Tira e prossegue. Pedrinha por pedrinha percebe o sensível, sempre tão bem calçado. Foi-se o trôpego, instalou-se o sôfrego.

E o recipiente vazio precisava de socorro também. Uma longa escadaria o separava da ardente combustão. Superou. Mas, a que preço? O peso da descida teve a contribuição da gravidade. Por que o gás sempre acaba no domingo à tarde? Mais uma para a Teoria do Caos.

Antes, assim que entra em casa, com a cabeça pronta para descartar os pensamentos, percebe que o cachorro está num dia ruim. Provavelmente também teve um dia daqueles. Depois de revistos os acontecidos, o saldo é positivo. Gargalhadas perturbam a alma.

Letargia se converte em ação.

Um comentário:

Anônimo disse...

ow ow ow!!! Muito bom esse texto, engraçado que vi a cena e ao ler essas palavras ela me voltou à mente. Só você mesmo para transformar um dia que tinha tudo para ser ruim em uma sequência de belas palavras, quase que como uma sinfonia do escrever.
Parabéns!
bjs
Re Alves