quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Crianças levam drogas e celulares para dentro de prisões no interior

A que ponto chega a falta de escrúpulos das mães que querem ganhar entre R$250 e R$500 a mais. No interior do Estado de São Paulo 35 crianças foram flagradas, junto com as mães, tentando entrar em penitenciárias com aparelhos celulares e drogas nas três penitenciárias de Mirandópolis - duas de regime fechado e uma de semi-aberto. Os números foram publicados pelo Jornal da Tarde no dia 8 de dezembro, segunda-feira, e captados no Conselho Tutelar da cidade.

As mães recebem para levar drogas e celulares aos detentos, que não envolvem pessoas da família na operação. Agora, as chamadas ‘pontes’ usam as crianças como podem, desde recém-nascidos até crianças de 12 anos. De acordo com o conselheiro tutelar Antonio Franquini Collaviti, as mães mudam as estratégias a cada visita para burlar os detectores de metais e aparelhos de raio-X dos presídios.

Algumas fazem falsos curativos nas crianças e sob o esparadrapo colam celular, chips, baterias ou porções de drogas. Outras ainda colocam entorpecentes e celulares nas fraldas dos menores. Uma das mães colou um celular no couro cabeludo dos filhos de 5 e de 6 anos, por debaixo de uma peruca. Segundo um promotor do Ministério Público de Mirandópolis, uma das mães usou os órgãos genitais de uma criança para esconder um telefone celular, configurando um dos maiores absurdos já vistos.

As mães que submetem os filhos a situações de violência ou humilhação podem pegar de 6 meses a dois anos de prisão, mas os presídios femininos e cadeias já estão superlotados e não comportam mais a entrada de novas detentas, o que só agrava o problema.

O delegado titular da Delegacia Central de Mirandópolis, Jenner Vieira de Farias, revelou ao JT que 99% das mulheres presas na cidade e nos municípios vizinhos de Lavínia e Guaraçaí foram flagradas tentando entrar com drogas ou celulares nas unidades prisionais. Em média, as prisões femininas dessas cidades têm capacidade para 18 presas, mas chegam a operar com cerca de 50, o que inviabiliza novas prisões.

Além do caso de mães que usam os próprios filhos para entrar com drogas e celulares nos presídios, continuamos vendo, cada dia mais, casos de agentes corruptos que se envolvem nos eventos. Mas, usar crianças para o crime deve ser um ato punido severamente. Hoje elas são autuadas como tráficantes, mas o crime vai muito além das drogas e aparelhos eletrônicos, configura uma inversão de valores que a sociedade deve combater antes que se transforme em praxe.

Um comentário:

Fernando Lima disse...

Muito bom o teu artigo. Mostra realmente como está indo a nossa sociedade que, se não nadarmos para vencer a maré agora, no futuro nos arrastará para onde não haverá mais volta... Sucesso!