quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Em defesa de um bom nome

Apesar de ser um assunto ao qual sempre estive às voltas, nunca pensei em defender meu nome usando a escrita. Talvez porque as formas esdrúxulas e escalafobéticas com as quais já tive meu nome representado num papel tenham me trazido certo asco em reproduzi-las.

Por outro lado, já me irritei bastante ao ter que soletrar e soletrar e soletrar algo imperceptível na fala, o tal do Y em meio às demais letras. LarYssa. Agora me digam: como não enxergar um Y deste tamanho no meio do meu nome... milimetricamente calculado para posicionar-se entre as três primeiras letras e as três últimas letras. Sete, um número perfeito, com um Y perfeito, formando um nome perfeito, quase exclusivo, visto que no orkut encontrei umas poucas com mães de bom gosto tão apurado.

Se apenas trocassem o Y por I,- uma aberração, mas uma aberração aceitável - tudo bem, mas por duas vezes, das quais jamais esquecerei, escreveram meu nome com I, RR, Ç... resultando em algo que recuso-me a escrever com minhas próprias mãos, vilipendiando o nome que mamãe escolheu com tanto carinho, vendo um filme de época. E lá estava o Y, mais tarde compondo toda a família, completada por Mayara e por Thaysa, ambos com Y. Algumas mães têm critérios na escolha de nome de irmãos, o da minha foi ter o Y como marca registrada.

Irritar-me com as mudanças involuntárias, por ignorância mesmo, do meu nome já deixaram de ser um problema em minha vida. Não sei se porque me resignei mesmo, ou se tenho sido mais enfática ao soletrar, causando até, quem sabe, um medo por parte de quem é repreendido. Não sei.

Mas há casos em que mesmo que eu soletre L-A-R-Y-S-S-A, a pessoa fica meio sem jeito, sem saber onde colocar o tal do Y, e pergunta se é no início, se é no fim, se é depois do A, depois de que A, L-H-A. Inclusive, é mais comum do que imaginam, eu digo Y e eles tacam um H. Tudo a ver.

Voltando ao irritar-me, chegou um ponto em que eu não podia mais, porque virou bagunça. O pessoal na faculdade fazia questão de criar oportunidades em que poderiam colocar meu nome com um I enooooooorme no meio. Eles queriam chatear, mas o efeito foi contrário, pois consegui que todos soubessem escrever meu nome direito. O que foi uma vitória, pois a maioria das pessoas não faz idéia de que o meu Laryssa é com Y. Acabei me sentindo bastante importante, confesso.

Apesar de amar o meu nome com toda a paixão que um nome pode despertar, já me decidi: terei filhos um dia e nenhum deles terá nome com letras passíveis de troca. Aí é que vêm os problemas – sempre que penso em um nome ele pode ter duas escritas. Raphael e Rafael, Manoel e Manuel, Ariel ainda não tem duas escritas, mas vai que querem enfiar um H antes. Também não quero João, José ou Antônio, já têm muitos por aí. Talvez eu opte por um diferente e simples ao mesmo tempo; Sol ou Lua soam bem.

Posso não ter controle sobre os possíveis traumas do meu ainda pseudo-filho, mas posso evitar que sinta a ira de ter seu nome estropiado. E farei.

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