quarta-feira, 25 de junho de 2008

Já são 600 mil seguranças clandestinos em São Paulo

Baixos salários e falta de treinamento. Os homens de preto têm tomado conta de bares, restaurantes, empresas e condomínios de São Paulo de forma descontrolada. Seguranças irregulares se espalham pela cidade e já chegam a 600 mil na clandestinidade, segundo estimativa da Polícia Federal (PF).

A invasão de “profissionais” despreparados para atuar na área se deve a dois fatores principais de acordo com a PF: o mercado crescente e a falta de fiscais para controlar a atividade, responsabilidade da PF. O que mais preocupa é a atuação de policiais militares e civis que fazem ‘bico’ de segurança privada nos contra-turnos, o que é proibido .

Casos de abusos ou omissão têm chocado o Estado nas últimas semanas. Em um deles um rapaz de 23 anos foi espancado na saída de uma casa noturna em Sorocaba por 10 jovens. Vendo as imagens do circuito de TV, nota-se claramente que dois seguranças assistiam à cena sem fazer nada. O rapaz espancado está em coma.

Em outro caso, um jovem de 19 anos morreu espancado ao ser retirado de uma festa junina Portuguesa. A família acusa os seguranças do clube.

Em números, 139.800 seguranças particulares estão cadastrados na Polícia Federal do Estado de São Paulo, ou seja, passaram pelo curso de 160 horas e receberam a carteira funcional. No Brasil são 436 mil seguranças particulares cadastrados e estima-se 1,5 milhão de clandestinos. Para cada 726 profissionais oficiais, devidamente cadastrados e treinados, existem 2.500 seguranças clandestinos.

O cientista social da Universidade de São Paulo (USP), André Zanetic, esclarece que as casas noturnas vão buscar lutadores de academia para fazer a segurança, com biotipo alto e forte, mais pela aparência, porque essas pessoas não têm o menor preparo para lidar com confusões, por exemplo.

A PF promete fechar o cerco à fiscalização em São Paulo, e é isso que esperamos. Mas o número crescente de pessoas na atividade - que hoje chega a 250 novos profissionais de segurança privada por dia nas ruas - dificulta o controle.

Também, quem deve estar atento a isso são as próprias casas noturnas, que perdem ao contratar profissionais despreparados, uma vez que a segurança é ponto fundamental de um estabelecimento, mas sem abusos.

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